Blog do Mercadolivros

Entrevista com Yuri Al’Hanati

Por Mercado Livros
04/04/2013

Hoje inauguramos aqui no blog do Mercadolivros a série Leitores. Todos os meses, queremos ouvir histórias de pessoas e sua relação com a leitura. Queremos ouvir professores, escritores, estudantes e gente apaixonada por livros.

A estreia desta série é com Yuri Al’Hanati, jornalista da Gazeta do Povo e escritor no Livrada!, blog de resenhas bem humoradas de livros.

Você se lembra do primeiro livro de literatura que leu? Se sim, qual foi e em que ocasião (recomendação da escola, de seus pais)?

De literatura “adulta” eu lembro bem. Foi o Clube dos Anjos, do Luís Fernando Veríssimo. Fazia parte de uma coleção chamada Plenos Pecados, em que cada livro é sobre um pecado capital, este era sobre a gula. Eu estava na oitava série e achei o livro bem leve e engraçado. Foi minha mãe que me emprestou. Depois li outros dois livros dessa coleção: Xadrez, Truco e Outras Guerras, do José Roberto Torero, sobre a ira, e O Mal Secreto, do Zuenir Ventura, sobre a inveja. Li outros da coleção quando era mais velho, mas nenhum me marcou mais do que esse primeiro.

Seja com as resenhas e entrevistas para a Gazeta do Povo, seja no seu blog Livrada, é possível perceber o quanto você gosta e acompanha a literatura. Quando você percebeu que a literatura faria parte da sua vida?

Quando comecei a conversar com os amigos sobre livros e vi que a conversa era muito mais interessante do que as amenidades e as pequenas maledicências a que as pessoas se dedicam quando estão sem assunto. Vi que a literatura era um grande campo aberto de idéias, e resolvi desenvolver minha cabeça de adolescente por aí.

Qual é a importância que ler um livro teve e tem na sua formação pessoal e profissional?

Acho que respondi um pouco sobre a formação pessoal na pergunta anterior. Para a formação profissional foi fundamental, já que trabalhei com isso no caderno de cultura e para isso o repertório serve muito. Fora isso, acho que a literatura tem o papel de aprimorar o raciocínio critico, algo que todo bom profissional tem.

Bem, você trabalha em seu blog com críticas de livros. Para você, de um modo geral, o que caracteriza um bom livro?

Depende muito de perceber a intenção do autor com ele, e verificar se essa intenção foi bem resolvida. Gosto de livros bem escritos, obviamente, mas não necessariamente na concepção mais intuitiva do bem escrever, aquela prosa poética sobre a qual aprendemos na escola. Se ele tiver boas ideias e não for reprimido em sua origem, quase sempre o resultado é agradável.

O Brasil ainda possui um índice de leitura baixo, mesmo comparado com outros países da América Latina. Para você, como a família e a escola pode incentivar as crianças a ler mais?

Posso responder com certeza como a escola NÃO pode incentivar as crianças a ler mais, que é fazendo justamente o que ela já faz: forçando clássicos goela abaixo da criançada que até então só havia lido Chico Bento. Acho que a expressão “fisgar o leitor” é apropriada porque se trata mesmo de atraí-lo com coisas mais leves para leituras que exigem mais. Minha vida como leitor se deve inteiramente à minha família, se dependesse da escola, eu certamente não leria nada. Acho que os pais podem desenvolver o hábito nos filhos levando-os para visitar a livraria como se visita uma loja de brinquedos: com expectativa de diversão e com cabeça aberta para atender ali os primeiros desejos literários da criança. Depois, incentiva-lo a montar uma biblioteca em casa, acho que isso já é o bastante.