1 – Quando criança você já se interessava por literatura? Gostava de ler e de escrever?
– Ler sempre foi uma diversão pra mim, desde pequena. Fui filha única durante dez anos e os livros eram grandes companheiros, mesmo antes de saber o que era “literatura”. E não só livros: gibis, almanaques, folhetos, eu lia tudo o que aparecia. Descobri que também gostava de escrever mais tarde, já adolescente, e enchia páginas e páginas de diários que, pena, não guardei!
2 – Há algum livro que tenha marcado sua infância e/ou lembranças de leitura em família nesse período?
– Os livros de Monteiro Lobato me encantavam, eu voava pra dentro do Sítio do Picapau Amarelo e não queria mais sair de lá. Lembro especialmente “Reinações da Narizinho” e “Os Doze Trabalhos de Hércules”. Os de José Mauro de Vasconcelos me comoviam, eu sabia que ia chorar e mesmo assim reli todos eles: “Rosinha, Minha Canoa”, “Coração de Vidro” e “Meu Pé de Laranja Lima”.
3 – Em que momento você percebeu que seria feliz escrevendo para crianças e resolveu se dedicar a isso?
– Antes de escrever pra crianças, descobri o prazer de ler Eva Furnari, Ruth Rocha, índigo e muitos outros ótimos escritores que conheci graças ao meu filho. Não sei quem se divertia mais, ele ou eu, durante as leituras. Em algum momento, comecei a inventar as histórias que contava pra ele e algumas acabaram indo para o papel. Foi assim que começou.
4 – Seu livro “Fala, bicho” apresenta histórias de vários animais que falam e contam um pouco de seu cotidiano. Se você fosse um deles, o que diria – em uma frase – para os humanos?
– Se eu fosse uma das maritacas que aparecem na minha janela todos os dias, eu diria: “Parece que você gosta muito de ficar aí dentro dessa sua gaiola, bicando uma coisa esquisita com os dedos… Eu sei, deve ser bom porque você passa muito tempo fazendo isso, mas aqui fora é uma delícia! Vem voar com a gente!”
5 – Escrever para crianças é…
– … redescobrir a curiosidade, fazer o exercício de olhar pra todas as coisas como se fosse a primeira vez.