Cassiano Tabalipa, ilustrador do nosso livro Na casa amarela do vovô, Joaninja come jujubas, trocou algumas palavras com a gente sobre os desenhos.
1- Você lia e desenhava muito quando era criança?
Eu era uma criança tímida e que não tinha muitos amigos de idades próximas fora da escola. Me sentia sozinho e passava muito tempo a procura do que me encantasse e me fizesse ser notado, então minha rotina era estudar, ler, desenhar, cantar, escrever e assistir muitos e muitos desenhos animados. Não guardo muitos livros na lembrança, mas lembro que gostava de poesias, poemas, fábulas, lendas e mitologia. Apesar de gostar de ler, minha leitura era lenta e eu sempre acabava por ter que devolver todo livro à biblioteca antes de finalizá-lo (risos). Eu recebia muito incentivo aos meus desenhos e a escrita de poesias que fazia na época, e embora eu não os fizesse com frequência, quando fazia, eu me perdia no tempo e passava horas criando ou reproduzindo algo. Tenho como o meu maior apoiador um tio e padrinho, o “Belé”, quem sempre me procurava para encomendar desenhos de santos e outros personagens bíblicos para ele pendurar nas paredes de seu quarto.
2- Como foi o seu contato com livros infantis?
Tive pouco contato, mas gostava, sobretudo daqueles que tratavam das questões entre homens e animais, das fugas de animais em busca de aventuras, livres e racionais.
3- O que você notava nos desenhos dos livros e o que passou a notar depois de ter se tornado ilustrador?
Antes de estudar a ilustração e começar a trabalhar com ela, eu acreditava muito mais na importância do desenho e sua qualidade estética do que no conteúdo que essas ilustrações podem e deveriam conter. Foi principalmente após iniciar meus estudos em design que todo um universo se abriu e passei a me preocupar com todo o conjunto, com cada detalhe que se faz presente nos trabalhos com o design ou com a ilustração. Há um porque de se fazer e um cuidado entre o mostrar e o esconder, e você deve sentir isso. Acredito que uma ilustração não pode retirar a importância do texto que está ilustrando, ou em outras palavras, não pode contar a história. Ela deve simplesmente completar.