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Série Leitores: Elizete Kshesek

Por Mercado Livros
28/05/2013
livros

“A leitura é o alimento da alma, através da opinião de outros, vivencia-se diferentes situações e certamente o que você lê sempre vai ter alguma repercussão na sua vida”, diz Elizete.

A Série Leitores traz, todo mês, histórias de pessoas e sua relação com a leitura. Elizete Kshesek é bibliotecária no Colégio Medianeira e desde cedo teve contato com os livros. Para ela, a leitura é fundamental no crescimento das pessoas e foi o que a levou a seguir carreira. Veja a entrevista que Elizete deu para a Série Leitores.

Você lembra qual foi o primeiro livro que leu? E por que (recomendação da escola ou da família)?

O primeiro livro que li foi Dona baratinha da Silva Só, devia ter uns 7 anos e ganhei de presente da minha madrinha Sheila.

Algum livro tem uma importância maior para você, te marcou por algum motivo? O que a leitura mudou na sua vida?

Um dos livros que mais me impressionou foi Admirável Mundo Novo, do Aldous Huxley, escrito na década de 30, descrevendo um mundo futuro que começou a tornar-se realidade no final do século XX e neste momento muito do que este autor descreve na sua obra, deixou de ser ficção e tornou-se realidade. A leitura é o alimento da alma, através da opinião de outros, vivencia-se diferentes situações e certamente o que você lê sempre vai ter alguma repercussão na sua vida. Tudo o que a gente lê, faz com que se viaje, se reflita e se transforme. A leitura não muda a vida de ninguém, até porque existem livros e livros, alguns não seriam classificados como possíveis de impactar mudanças visíveis. Penso que quanto mais se lê mais se conhece e confronta conceitos, filosofias, modos de ser, de agir e de ver, que ao longo da vida vão contribuindo para aprimorá-lo como ser humano e tornar você uma pessoa mais flexível, compreensiva, atenciosa, ouvinte…

Você sempre quis ser bibliotecária? A paixão pelos livros e pela leitura foi o que levou você a seguir carreira?

A ideia de ser bibliotecária surgiu quando eu estava no ensino médio. Sempre gostei de ler, quando descobri que na minha escola tinha uma biblioteca li todos os contos clássicos. Tinha uma pessoa que ficava emprestando livros, a lembrança que tenho não é das melhores, lembro dessa pessoa pintando as unhas de vermelho durante o expediente. Friamente, acho que caí de paraquedas no curso de Biblioteconomia, um dos motivos foi que meu trabalho sempre foi na biblioteca e acabei unindo o útil ao agradável. Mas engana-se quem pensa para ser bibliotecária, a paixão pela leitura basta. Durante o trabalho o que menos se faz é ter tempo para ler. A leitura é um prazer para as horas de lazer. O bibliotecário precisa ter noções sobre as várias áreas do conhecimento, por que para fazer um bom trabalho ele deve atender satisfatoriamente o leitor. E seu usuário tem inúmeros interesses e dependendo da área em que ele vai atuar, escola, empresa, universidade esses interesses devem ser prioridade.

Com o avanço da tecnologia, hoje em dia o número de pessoas que mantém o hábito da leitura diminuiu. Você considera a leitura fundamental para a formação profissional e pessoal de alguém? Como você acha que a leitura pode ser incentivada? Acha importante que haja incentivos desde criança?

O avanço da tecnologia fez com que as pessoas tivessem acesso a inúmeras informações e em uma velocidade impressionante. A leitura a meu ver continua. O que se perdeu e não é de hoje, é a vontade de ler um romance, uma novela, um conto saboreando a história, viajando com os personagens, vivenciando a trama. Um profissional que não lê, é um profissional falho. Vejo que esse profissional vai encontrar dificuldades ao longo da carreira. Não terá argumentos, não saberá embasar ideias, a conversa será vazia, desprovida de conteúdo. A leitura é um aprimoramento constante da vida profissional e pessoal.

Você, como bibliotecária, vê que a procura pelos livros continua? Ou é menor o número de pessoas que pegam livros? Você acha que a procura pelos livros é mais por motivo de pesquisas ou por gosto pela leitura?

Leitores sempre vão existir. A leitura é algo pelo que se toma gosto nos primeiros anos de vida. É algo que nasce na família, o momento mágico quando a mãe ou pai contam histórias para o filho, e ele descobre o mundo povoado de fadas, duendes, heróis, heroínas… É ai que a curiosidade vai ser despertada e o interesse para conhecer outras histórias vai aflorar. Na escola temos as duas situações leitores assíduos que gostam de ler e leitores esporádicos que leem por obrigação, para fazer um trabalho. O fato é que a leitura é um hábito que se constrói espelhando-se no outro. Se alguém que você admira se mostra um leitor, tem sempre histórias interessantes, está sempre com um livro na mão, naturalmente você vai querer saber o que tem nos livros o porquê que essa pessoa não larga deles. Esse leitor pode ser seu pai, sua mãe, um amigo ou o próprio professor. Mas essa pessoa deve despertar sua admiração pelo sua postura, seu modo de tratar os outros, seu modo de expor as ideias, seu modo de fazer as coisas acontecerem.

A frequência dos alunos na biblioteca é incentivada? O que você acha que poderia ser feito a respeito?

Na escola existe a hora do conto, para alunos do integral ao 6º ano, o clube da leitura, onde existe um trabalho específico para os interessados e acontece como atividade extraclasse. Uma sala de leitura para professores do 7º ano ao ensino médio utilizarem para trabalhos relacionados ao assunto. Existe também o projeto de pesquisa, que é feito durante o decorrer do ano e exige que o aluno sempre esteja em contato com textos, livros que se encontram na biblioteca.  E em outubro temos uma grande feira que mescla leitura, bate-papos, exposições de arte, peças teatrais, apresentações de musica, onde toda a escola está envolvida durante uma semana inteira. Acho que nesta escola fazemos muitos trabalhos relacionados com a leitura, que como consequência faz com que a frequência à biblioteca aumente consideravelmente.